Simpósio Gold evidencia 40 anos de investigação no Complexo Mineiro de Tresminas
Encontro internacional sobre os 40 anos de investigação no Territorium Metallorum Tresminas/Jales, que decorreu nos dias 11 e 12 de abril, reuniu investigadores renomados e especialistas nas áreas da arqueologia, numismática, tecnologia e sociedade romana, provenientes de diversas instituições europeias.
O evento, organizado pelo
Município de Vila Pouca de Aguiar e pela Unidade de Cultura da Comissão de
Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN) teve como intuito reforçar
a importância da investigação arqueológica e científica no território de
Tresminas/Jales e promover o conhecimento e a valorização deste património
mineiro.
António Teixeira, Presidente da
Junta de Freguesia de Tresminas afirma que esta localidade “outrora foi palco
de uma das mais notáveis operações mineiras do Império Romano. Aqui, gerações
de homens extraíram ouro com uma mestria técnica que continua a surpreender
investigadoras de todo o mundo.” O autarca de freguesia refere ainda que é
graças ao trabalho dos investigadores, técnicos e instituições que Tresminas é
hoje conhecida “como um dos mais relevantes sítios arqueológicos da mineração
romana”.
Orlando Sousa, atual Presidente
do Conselho de Administração do ICOMOS Portugal (Conselho Internacional dos
Monumentos e Sítios), acompanhou as quatro décadas de investigação no
território.
“A investigação não pode ser descurada e deve sempre continuar”
O Presidente da ICOMOS Portugal
explica que foi desenvolvida “uma investigação de grande qualidade (…) que
também permitiu ajudar a salvaguardar este património que, de outra forma,
parte dele já teria desaparecido ao longo destes 40 anos”. Para Orlando Sousa,
os estudos são um fator crucial. “A investigação não pode ser descurada e deve
sempre continuar. É a própria investigação que permite, por um lado, produzir e
transmitir conhecimento e, por outro lado, fornecer dados para a sua gestão e
salvaguarda”. No seu entender, durante anos isso foi feito e afirma que “é
preciso que as tutelas do património não se afastem daquilo que é feito na
investigação, que eu penso que nos últimos anos foi um bocado descurado” e,
para tal, sugere que “a salvaguarda do património cultural, num mundo que está
em mudança, tem de acompanhar a par e passo o que é que se vai fazendo na
investigação”.
O orador afirma com segurança que
o património de Tresminas tem “importância local, regional, nacional e
internacional”. Explica ainda que “este
conjunto é único no mundo romano” uma vez que “além das características
específicas que têm a ver com o território, a geologia e as técnicas de
exploração do ouro, manteve-se com grande autenticidade”. A grande diferença
para outros territórios romanos, diz, “é que temos um conjunto de vestígios que
nos mostram como é que todo o processo era feito”, ao contrário dos restantes
em que os sinais romanos já desapareceram.
Próximos passos para o território de Tresminas, segundo Orlando Sousa
Com o objetivo da salvaguarda do
Territorium Metallorum Tresminas/Jales, Orlando Sousa vai mais longe e deixa orientações
de ações futuras onde a continuidade da investigação se deve manter. Posteriormente,
acredita que se deve proceder à “implementação de alguns modelos de gestão”,
referindo-se à criação de um Parque Arqueológico. Sob a alçada do Município é
também indicada a conceção de uma Unidade de Gestão que englobe várias
valências e que traga “orientações e contributos em áreas como o ambiente, as florestas
e a agricultura”. O Presidente do ICOMOS propõe também a “redefinição da área
classificada, transformando a atual, os outros bens classificados (Barragens,
Túnel do Pedroso) e todo o património existente numa só área” para quem o Territorium
Metallorum “deve ser monumento”.
Tresminas como “fator de coesão, promoção e crescimento de Vila Pouca
de Aguiar”
Jorge Sobrado, Vice-Presidente da
CCDRN para a Cultura e Património refere-se a Tresminas como um “tesouro
arqueológico”. Segundo o orador, “constitui um recurso cultural, histórico e
paisagístico (…) que precisa de ser transformado num ativo, ser colocado ao
serviço daquilo que é a identidade do território, e também [fortalecer] o seu
desenvolvimento cultural, turístico, sustentável e económico”. Para Jorge
Sobrado, este território pode ser “fator de coesão, promoção e crescimento de
Vila Pouca de Aguiar”.
O Vice-Presidente da CCDRN afirma
que os contributos da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do
Norte passam por “apoiar a visão e vontade do Município de Vila Pouca de Aguiar
que são indispensáveis, e trazer ao projeto parceiros que deem sustentação,
solidez científica e solidez de gestão a Tresminas”. Aos contactos iniciados
pelo Município, diz o orador, a CCDRN ajudou a firmar a parceria, agora
contratualizada, com a Fundação Las Médulas e com o Governo Regional de Castela
e Leão. O objetivo, afirma, “é ter apenas um plano de gestão, um plano de
desenvolvimento turístico, um plano de investigação e um plano de valorização
conjunto e partilhado” entre Tresminas e Las Médulas, ao contrário de planos individuais
para cada região, como tem sido feito até ao momento.
Ainda no decorrer desta parceria,
Jorge Sobrado indica que a CCDRN, o Município de Vila Pouca de Aguiar, o
Governo Regional de Castela e Leão e a Fundação Las Médulas apresentaram uma
candidatura para a “promoção internacional de Tresminas e Las Médulas no
contexto da promoção do património romando das duas regiões”.
Ângela Vermelho
Fotos: CM VPA
15/04/2025
Cultura
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