Academia do Resineiro nasce em Tresminas para valorizar o setor da resinagem


A inauguração oficial das instalações da Academia do Resineiro, localizadas no Parque Rural de São Miguel de Tresminas, em Vila Pouca de Aguiar, decorreu na sexta-feira, dia 25 de julho. Tem como objetivo ser um espaço dedicado à capacitação, valorização e desenvolvimento sustentável da atividade da resinagem.

Marco Ribeiro, Presidente da RESIPINUS, Associação de Destiladores e Exploradores de Resina, refere que a criação da Academia do Resineiro é um objetivo da Associação desde 2013 devido a “uma lacuna que existe no nosso setor que tem, apesar de tudo, pouca formação, pouca capacitação e é uma das situações que nós identificamos que poderá melhorar efetivamente”.

O Presidente da RESIPINUS relembra que “é uma profissão muito histórica, mas que tem uma base de conhecimento que é muito empírica e muito passada de resineiro para resineiro”. Desta forma, a Academia do Resineiro traz a oportunidade de começar a firmar “uma componente mais científica, técnica e de boas práticas de sustentabilidade, ou seja, um conjunto de valências que poderão trazer ao resineiro aquilo que até hoje não estava tão presente”.

O propósito da Academia do Resineiro é, diz Marco Ribeiro, potenciar “ações de formação, que poderão vir a tornar esta atividade mais produtiva, mais rentável, seja económica, seja ambientalmente e, com esta dinâmica, consideramos que pode também atrair mais gente para este setor, que também é algo que pelas técnicas antigas que existiam, era uma atividade que acabava por não ser muito atrativa”. A fixação de pessoas no território também faz parte dos objetivos da Academia, que acredita que com estas componentes e a transmissão de novas técnicas de extração que estão a ser desenvolvidas poderão “trazer mais gente para este setor e, eventualmente, até fazerem carreira disto, porque é mesmo isso que nós pretendemos, trazer gente para a floresta e que as pessoas possam viver de uma forma sustentável e economicamente confortável”.

A escolha da localização da Academia, com capacidade para aulas teóricas através das salas de formação, deve-se também à zona envolvente, que ajuda na técnica operacional uma vez que é uma zona “com muito pinhal e com potencial para a produção de resina, onde já existe a atividade há muitas décadas e, por isso, é um laboratório vivo”. Marco Ribeiro refere que Tresminas se insere “numa comunidade intermunicipal que tem por excelência as melhores zonas de pinheiro bravo do país, não só pela produção de madeira, mas também pela produção de resina”.

O responsável pela Academia recorda que o investimento inicial estava previsto para outra zona do país que, não sendo possível, estava em risco de se perder este investimento a nível nacional. Contudo, “em boa hora apareceram estes parceiros desta zona do país, tanto a Junta de Freguesia, como as associações locais e os municípios, que potenciaram que este investimento pudesse vir para aqui e, por isso, parece-me que é uma dinâmica positiva de vários agentes que estão a fazer com que a floresta seja mais atrativa para a região”.

António Teixeira, Presidente da Junta de Freguesia de Tresminas, diz que a freguesia “está orgulhosa de ter cá este empreendimento onde temos muita matéria prima” e que tentou sempre funcionar como “a grande desbloqueadora dos processos burocráticos”. Refere ainda que é relevante ter “pessoas a trabalhar em Tresminas, perto da sua casa e da sua terra, e até mesmo novos rostos que vêm trabalhar para aqui”. Em representação do Município de Vila Pouca de Aguiar esteve Filipe Nascimento, Vice-Presidente da Câmara Municipal, que refere que a exploração de resina estava a sofrer um abrandamento, mas que, durante os últimos anos, tem visto “a presença, no território, não só de resineiros, mas também de várias empresas que pretendem fazer a exploração da resina e que, de facto, temos muito potencial neste setor”. Avança ainda que esta exploração é uma forma de “mitigar” os perigos dos incêndios, e que leva ainda à “reorganização dos nossos pinhais”. Também a importância da fixação de pessoas a Tresminas e os potenciais rendimentos aos proprietários são mencionados como fatores positivos.

A Academia do Resineiro foi dinamizada no âmbito da implementação do projeto Resina Natural 21, financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), através da Componente 12 - Bioeconomia Sustentável, que se baseia em três pilares: produção, indústria e comunicação. Além de Marco Ribeiro, a equipa da RESIPINUS é constituída por Marco Vaz, Vice-Presidente, e Raquel Bento, Tesoureira.

Estiveram também presentes na inauguração da Academia representantes da Guarda Nacional Republicana (GNR), Sandra Sarmento, Diretora do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) do Norte, e Regina Vilão, da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

 

Ângela Vermelho

Fotos: Resipinus e RN21


28/07/2025

Sociedade


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